terça-feira, 21 de abril de 2009

quais são as cores?

Senti um arrepio que impulsionou minha coluna para cima, como se quisesse me fazer voar.
Fechei os olhos ao ver as janelas embutidas nas portas automáticas do trem, que me permitia ver reflexos.
A estação estava vazia, o silêncio me afligia, e eu podia ouvir, claramente, uma respiração que, conforme o tempo passava, ia se tornando ofegante, combinando com as frases que gritavam na minha cabeça, me fazendo segurar a respiração para poder ouvir melhor o tipo de problema respirátório que eu ouvia perto de mim, e não abria os olhos por nada.
Um calor na nuca me fez estremecer.
Se eu me inclinasse para trás, talvez pudesse sentir alguém, se eu me inclinasse para frente, teria que abrir os olhos, então permaneci na mesma posição, ouvindo a respiração cada vez mais perto.
Sete minutos depois, não ouvia-se som de trem, talvez o horário tivesse se esgotado.
Tomei coragem de abrir os olhos. Não havia nada em minha frente, nem dos lados, mas de relance, eu podia ver que tinha alguém atrás de mim.
Dei um passo, e meus batimentos quase que param, descompassados, e não cabendo em meu peito. Senti uma mão pequena, trêmula, ligeiramente molhada, segurar a minha com leveza, ao mesmo tempo que com urgência, segurava minha outra mão, com a outra, como querendo me prender.
Voltei-me para trás, reconheci seus traços e formas, e pressionei seus ombros contra os meus, para que você sentisse meus batimentos, para sentir o estrago que faz.

Como se a saudade que eu sinto de você se tornasse concreta, de tão intensa; e meu amor se tornasse infinito, de tão limitado.

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