quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Sapato Novo

Bem, como vai você?
Levo assim, calado, de lado do que sonhei um dia.
Como se a alegria recolhesse a mão pra não me alcançar.
Poderia até pensar que foi tudo sonho.
Ponho meu sapato novo e vou passear sozinho, como der, eu vou até a beira.
Besteira qualquer, nem choro mais.
Só levo a saudade, morena.
E é tudo que vale a pena.

sábado, 5 de dezembro de 2009

não aprendi a amar.

Um mês se passa, e eu me perco
Nos lençóis que nunca foram nossos
Perco-me nos nossos sonhos de primavera
Nas cinzas das tuas cartas
No cheiro das manhãs
Que eu acordava pensando, e rindo
Como foi bom te amar
Foi bom te imaginar, Kayma
Foi bom te sonhar.

Meus Setembros não condizem com os teus
Tampouco meus setênios
Enquanto você tragava seus caprichos
Eu te escrevia meu amor
Enquanto você tentava não pensar
Eu distraía minha dor
Meu riso, teu pudor.

Quando eu acreditei, você fingiu
Quando eu desisti, você chorou.
Um mês, sim
Um mês, não
Por quanto tempo o seu rejeitado destino quiser
Estaremos contidas uma na outra
Assim como eu desejei com os pés mergulhados
No mesmo mar que encontrava os teus.

Sou água, sou toda tristeza ponderada
Sou seu pranto unido ao meu.
Você odeia o destino por ter me encontrado
E eu o amo por te trazer de volta de mês em mês.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Sentimental.

"Eu só aceito a condição de ter você só pra mim...
Eu sei, não é assim, mas deixa eu fingir, e rir."

Quero que chegue o dia em que esse verso não vai definir nosso laço.

29.09.09 - 23:14 pm.

É uma posse brutal, de um pensamento limitado. Uma história curta, prorrogada, plantada nos meses. Um conceito que muda conforme as estações, e se perde com a ventania da cidade, fazendo um nó de doer a garganta.
Uma saudade de mim, dos meus pensamentos, dos meus questionamentos, da minha inquietude alegre, que se tornou tão angustiada. Saudade de não saber o que poderia acontecer, de ter vontade de viver o que não provei. De sonhar, e fazer disso um sorriso iluminado pelas manhãs ilusórias.

A sala daquele apartamento, que me puxava para passar a noite no sofá, com vista para a janela que exibia meu céu de nuvens de algodão-doce que brincavam de esconder as estrelas, só me deixando ver a Lua.
A ausência do gosto da sua boca passou por todas as partes da minha língua, e parou no amargo. Pensando bem, ficou faltando o doce. Como é que pode o amargo ter chegado primeiro que o doce? Como é que pode suas palavras terem chegado antes que sua voz me tomasse a paz?

Como pode uma parte de mim adormecer salgada de choro, e todas as suas partes viverem de razão?

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Virginiana de novo, não!

No Domingo, ser convidada para um almoço profissional, num condomínio invejável no interior da cidade.
Os homens cozinhando e fazendo comentários desnecessários, enquanto suas esposas, à mesa, iniciando com uma salada, falam mal dos mesmos, com ar dramático, apenas para ter um assunto em comum.
As crianças passeando pelo condomínio com pose de exploradores, e usando palavras que vêem na televisão, como: “Olhe só, o arco-íris naquela água esguichante, está quase completo.”
Quando ouvi a menina de sete anos dizendo que queria ser paleontóloga, e que se peocupava com o futuro dos filhos que iria ter, devido à dificuldade para encontrar uma babá ideal para cuidar dos pequenos em suas longas viagens, peguei meu livro e procurei uma grama para deitar.
Observar o comportamento humano pode ser um pouco perturbador, já basta ter que conviver com o meu.
Eu só havia me esquecido de que não tem grama sem inseto, e eu não suporto ver formiguinha subindo em mim. Não posso ver mosquitinho pousando, que já me dá vontade de tirar a roupa pra ver se tem bicho.
Era preferível ficar de pé, fotografando as árvores de cor diferente, as casas de vidro, os jardins, as orquídeas brancas enfeitando o fundo.
Batidas de fruta com saquê, e de sobremesa, merengue.
Chegando em casa, inventar sonhos por diversão, cantar enquanto escreve.
Bastaram algumas palavras para fazer, de piadinhas dignas de desprezo, gargalhadas involuntárias.
Ouvir Beatles por um motivo bobinho, ficar sem sono por vontade de continuar relendo uma frase, procurar trechos para retribuir o disparo, não admitir para si mesma que está sonhando alto, dizer a todos que é só uma suposição, e só para completar o Domingo lindo que fez, se apaixonar por livre e espontânea vontade.

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Não mais.

Manchou o rosto de tristeza contida no que já não se sentia.
Brincou, gostava de se esconder na lágrima presa nos olhos, sem fundamento, apenas pelo fato de sentir a perda de algo que já foi perdido inúmeras vezes, convidando sempre o desespero de sentir a esperança se esvaindo em suas mãos.
Um desespero que ressurge quando quer, num tempo indeterminado após sua suposta morte, assim como a idéia de você, que fica contida nos risos de nervoso, que querem disfarçar os motivos pelo qual a boca se mantém árdua, assim como a idéia de você.

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Grão de amor.

Me esqueça, sim.
Pra não sofrer, pra não chorar
Pra não sentir.
Me esqueça, sim.
Que eu quero ver você tentar
Sem conseguir.

Me deixe, sim, meu grão de amor, mas nunca deixe de me amar.
Me deixe só até a hora de voltar.

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Utopia.

Nunca passou disso.
A diferença é que nos últimos tempos, não era só a utopia de tornar tudo realidade.
A utopia dos últimos tempos era reviver o passado, porque o presente não era motivo suficiente para querer quebrar a primeira utopia.

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Pra sentir saudade.

Uma, duas, três, quatro, cinco garrafas e eu quero voltar a ficar sóbria pra saber me controlar diante das situações mais supérfulas.
Eu quero estar completamente bêbada pra saber que ela ignora seus devaneios conscientes, e mais ainda os inconscientes. Ela ignora o próprio destino, e depois se contradiz, dizendo que eu me contradigo.
Quero não saber que esse Setembro começou com um refúgio fraco do que está pendente, como se tudo começasse de novo, de uma forma consciente e até desesperançosa.
Não sei se morro por não poder voltar no tempo, ou se vivo pra viver o novo.
Se eu correr até perder as forças, cair deitada na grama mais verde que eu encontrei, e gritar seu nome, tudo volta?

terça-feira, 1 de setembro de 2009

De Setembro à Dezembro.

Dos quatro discos, eu ouvia boa parte do primeiro, e sete do Bloco do Eu Sozinho. Do Ventura, ouvia duas, e o Quatro passava despercebido. Se os Los Hermanos se incomodavam por serem conhecidos por muitas pessoas apenas por Anna Julia? "Não, porque nem sempre."
Se eu quisesse, eu me apaixonava, e se eu não quisesse também. Não querer, já era querer, e querer já era estar.
Não faziam sentido como fazem agora.
Agora, meu preferido é o Ventura, mas sinto falta de Aline. De tanto eu ouvir músicas pra lembrar de músicas que eu ouvia antes, a sensação de estar no antes perdeu o efeito, e a canção se renova.
Ouço Azedume pra lembrar de quando eu me mudei. Primavera pra lembrar de como eu ficava naquela blusa enorme feita pra pintar a casa de branco.
Anna Julia me lembra o pior ano novo da minha vida. Enquanto as ondas disfarçavam minha embriaguez, Gabriel queria compartilhar sete pedidos para o ano de 2009, enquanto meu único pedido tolo era ouvir a voz mais bonita para não dormir em pé de guerra. Chorávamos e virávamos a garrafa, quando uma vontade maravilhosa de tomar sorvete de limão com leite condensado nos dominou, e enquanto saíamos da praia em destino à sorveteria, com a garrafa vazia, pronta pra ser arremessada, na mão, a banda medíocre que tentava alegrar a todos, tocava em notas tortas, Anna Julia.
Acabei fazendo sete pedidos que não lembro bem, e se eu pedi pra que algo se tornasse infinito dentro de mim, parece que consegui concretizar.
A praia de Santos era tão suja, que mal dava pra escrever na areia minha angústia ponderada por espasmos de ilusão. Mas era o mesmo céu que olhava pra nós, e quando eu olhei pra cima, estávamos estampadas nas nuvens.
Ouço Sentimental pra lembrar do que eu sou.
Ouço Sentimental pra lembrar do que ela é.

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

e o diagnóstico é:

Onde estão as paixões loucas, senão nos instáveis?
Me casei há sete meses, e quatro vezes por semana minha mulher e eu temos uma briga, pelo menos tem sido assim nos últimos três meses.
Se uma semana tem sete dias, e quatro dias estão reservados para nossas brigas vistas como doentias, fazemos sexo todos os dias.
Se estamos bem, ela chega do trabalho e nossa comida está posta à mesa, com uma flor arrancada do jardim vizinho, só pra decorar e mimar. Conversamos, nos olhamos ternamente, e no fim acabamos não saindo da página 7 do livro que está mofando na mesinha do quarto, devido às ocupações noturnas, levemente ruidosas. Inoefnsivas.
Se algum motivo tolo incomoda alguma de nós, discutimos, dificilmente nos entendemos, então os enfeites estão sempre se renovando, e assim a casa flui.
A casa flui porque ela joga os enfeites contra a parede enquanto berra pra vizinhança toda ouvir, e em seguida nós trocamos um pausado 'eu te odeio'.
Ela entra no banheiro, chora, pega uma navalha e fica ensaiando pra fazer um corte que me assuste, mas antes que o desnecessário atue, eu pego ela no colo, e levo-a até a cama.
Ela me olha sentida, e me arranha.
Eu então, digo:
- Sou louca por você, e nunca mais vou dizer que te odeio, porque não quero mais mentir.
Ela fecha os olhos e sussurra:
- Só te perdôo se você me perdoar ao mesmo tempo.
E no fim, nos perdoamos aos gritos e gemidos, não permitindo insegurança por algumas horas.
Não é prático, e talvez não seja comum. Mas nunca gostei de monotonia.

'É exatamente assim.'

"Não te quero senão porque te quero,
e de querer-te a não te querer chego,
e de esperar-te quando não te espero,
passa o meu coração do frio ao fogo.
Quero-te só porque a ti quero,
Odeio-te sem fim e odiando te rogo,
a medida do meu amor viajante,
é não te ver e amar-te,
como um cego.

Tal vez consumirá a luz de Janeiro,
seu raio cruel meu coração inteiro,
roubando-me a chave do sossego,
nesta história só eu me morro,
e morrerei de amor porque te quero,
porque te quero amor,
a sangue e fogo."

Pablo Neruda.

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Sua última gota.

Mastiguei palavras fortes para que elas não machucassem quem estava ao redor. Prefiro engolí-las à seco, a permitir que elas queimem os pensamentos de alguém que não fosse eu mesma.
Isso é de praxe quando não penso antes de agir. Estou acostumada.
Assim como eu estava acostumada com meus antigos planos, que eram, e são tão preciosos pra serem deixados de lado por uma simples balança simétrica, que não esbanja sentimentalismo, nem exatidão, porque não existe benefício que equilibre uma balança quando se trata de um lado pesar tanto, por conta de tanto tempo, e por ser pesado, por ser tenaz, e por se tornar concreto, para ser expressado de forma nítida.
A balança só evidencia que a felicidade, não está na felicidade em si. Não importa quantos pontos positivos tem um lado, e quantos negativos tem o outro. Não existe algo que me faça inteiramente feliz, não vejo graça no que é perfeito, no que é fácil.
Minha felicidade não se encaixa nas características que soltam por aí, tentando descrever um sentimento tão efêmero e tão intenso, justamente por esse motivo.
Felicidade pode ser alívio, pode ser uma gota de esperança no fundo daquele copo que acham que já está vazio.
Esperança de que você volte. Que você me perdoe, e esqueça as coisas tão cortantes que eu disse, e que não deveria ter dito nunca pra você, que é minha única esperança.
Senti minha boca arder tanto, que parecia estar em chamas. Peguei o copo, e vi o reflexo do meu rosto pálido, umedecido por uma lágrima quente, que desceu até meus lábios vermelhos, ligeiramente inchados. Prendi o choro na garganta e bebi minha gota, transformando-a em oceano.
Não posso evitar força ao fechar os olhos, não quero ver nada, e só sentir, pra ver se te encontro no escuro.

sexta-feira, 22 de maio de 2009

protesto.

como pode ser tão falsa e dissimulada!?
como pode pensar que eu sou tão ingênua ao ponto de ser cega?

quero mais é que se dane, e vou fazer o que der vontade.

terça-feira, 28 de abril de 2009

se você for.

as historias de amor mais ardentes, que foram reprimidas em desejo apenas, sem nenhum tipo de toque, voltam à tona, e te surpreendem como se fossem te resgar por dentro, mais fortes do que nunca, sem limites. e então, você se aventura.

terça-feira, 21 de abril de 2009

quais são as cores?

Senti um arrepio que impulsionou minha coluna para cima, como se quisesse me fazer voar.
Fechei os olhos ao ver as janelas embutidas nas portas automáticas do trem, que me permitia ver reflexos.
A estação estava vazia, o silêncio me afligia, e eu podia ouvir, claramente, uma respiração que, conforme o tempo passava, ia se tornando ofegante, combinando com as frases que gritavam na minha cabeça, me fazendo segurar a respiração para poder ouvir melhor o tipo de problema respirátório que eu ouvia perto de mim, e não abria os olhos por nada.
Um calor na nuca me fez estremecer.
Se eu me inclinasse para trás, talvez pudesse sentir alguém, se eu me inclinasse para frente, teria que abrir os olhos, então permaneci na mesma posição, ouvindo a respiração cada vez mais perto.
Sete minutos depois, não ouvia-se som de trem, talvez o horário tivesse se esgotado.
Tomei coragem de abrir os olhos. Não havia nada em minha frente, nem dos lados, mas de relance, eu podia ver que tinha alguém atrás de mim.
Dei um passo, e meus batimentos quase que param, descompassados, e não cabendo em meu peito. Senti uma mão pequena, trêmula, ligeiramente molhada, segurar a minha com leveza, ao mesmo tempo que com urgência, segurava minha outra mão, com a outra, como querendo me prender.
Voltei-me para trás, reconheci seus traços e formas, e pressionei seus ombros contra os meus, para que você sentisse meus batimentos, para sentir o estrago que faz.

Como se a saudade que eu sinto de você se tornasse concreta, de tão intensa; e meu amor se tornasse infinito, de tão limitado.

domingo, 12 de abril de 2009

espelho.

Toda conversa me leva, toda reflexão te traz.
Na verdade, eu não sei o que faço aqui. Esse cheiro forte de ignorância e futilidade, essa vista tão limitada que só me faz lembrar da vontade que eu tinha de ver um horizonte bonito. Tudo de mentira.
Eu sei que agora espero alguém que talvez não venha, e permaneço calada, esperando.
Mas não espero de verdade. Não espero inteiramente, não espero como te esperei.
A falta não sobra tanto, o sono não é tão profundo, os sonhos não são intensos.
As cartas estão na estante, empilhadas, debaixo da saudade que você deixou.
Uma das marcas que você deixou em mim, fica nos papéis, finos de escrita.
Outra marca ficou na alma.
Teu gosto ficou faltando, sua presença me questionando.
Quem me persegue é a sorte, vou andar por aí, livre, leve, presa pelas suas mãos que seguram as minhas nas ruas, e noites.
A sorte me persegue, porém, me persegue apenas de acordo com o presente.
E não existe o agora, sem você.

quarta-feira, 25 de março de 2009

O que mais me ardia, não conseguia fugir da minha cabeça.
Se nem eu consegui te alcançar, porque essas palavras conseguiriam?
O que eu mais queria era poder ouvir sua voz outra vez, e lembrar que ela é tão bonita quanto você. E queria te abraçar, e ver seu castanho escuro de perto, pra lembrar que você é perfeita, tão perfeita quanto o céu, que também transborda, que também é frágil.
Por que você não entra nesse quarto sorrindo?
Um dia eu vou te surpreender, menina.
Um dia vou tapar seus olhos e sussurrar no seu ouvido: Lá, ainda te amo.
Deixa estar, vai. Essa tormenta vai passar, e essas palavras vão voar.
E se quer saber, quero saber se vou rir, ou sorrir.

domingo, 15 de fevereiro de 2009

não é óbvio.

ímpar, par, par, par, par, par, ímpar, par.
tum-tum.
ai, essa saudade.
tum-tum.
ai, frio na barriga.
tum-tum.
ai, ela atendeu.
tenho em mim que cada palavra vale muito mais do que qualquer outra dita.
e que as pequenas pausas, são como olhar nos teus olhos e esquecer que o tempo corre.
que através dessas palavras ditas em voz alta eu te agarro, e não solto, eu me entrego e não volto.
que no escuro eu vivo através de você, e sinto você sobre mim, e não passa, toda noite essa febre não quer ceder.
e na hora em que meus pensamentos se fundirem, e tornarem-se neblina em minha cabeça, até a hora que meus desejos e sonhos misturados se materializarem na minha frente, e meu coração não puder aguentar, será você.
e então eu vou reto.

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

would you forgive me, love?

Eu não teria coragem de fazer isso.
Eu poderia, na verdade. Mas não quero viver sem você para me arrancar fortes manifestações de sentimento.
Seja um riso tolo, sejam lágrimas de um adeus que ficou perdido no ar, seja um sonho bom, ou qualquer coisa que me faça transbordar.
Fui ver as horas, como quem queria ver o que viu, mas sem mais de meia gota de esperança.
Você se redimiu.
Não sabia se sorria, ou soltava um berro para acordar a vizinhança.
Por dentro eu sangrava em gritos, e me afogava em contentamento.
Mas chorei. Chorei inconsolavelmtente, e repetia seu nome, como quem quer respostas para tamanha intensidade. E te amava como antes, e como sempre amei.
Posso me contradizer, mas não posso negar que voltei a acreditar em nós.
Você nunca vai me deixar fechar os olhos te odiando, não é mesmo?
Horas podem mudar seus pensamentos.
Transformar raiva em um medo justo e plausível.
Não posso mudar minha forma de amar assim.
Mas eu prometo que guardarei numa redoma toda essa minha fragilidade que deixa à beira da morte o nosso amor. Boa noite.

domingo, 25 de janeiro de 2009

the end has no end.

Eu não podia engolir nada, quanto mais dizer algo.
Subi as escadas com a alma dilacerada novamente, mas sei que ela se renovará sempre.
- Eu diria que acabou, independente da conclusão que você chegue, independente do que diga. Não diga absolutamente nada, quero esquecer o tom da sua voz, e do tipo de palavra que você costuma usar, sei que posso.
Que o teu silêncio se misture com a chuva, para que eu não possa ouví-lo.
Que você se expulse de mim para sempre.
Que seu amor não seja suficiente para me segurar por nem mais um segundo.
- Fique onde está, e siga por outro caminho, que o desse lado, foi construído por um passado bonito que ficou para trás, e não voltaria, nem que quiséssemos.
De verdade, eu não pensei que fôssemos conseguir 'nos tornar realidade' antes que você desistisse, como faz sempre que se trata de paciência.
- Você é fraca. Fraca demais para mim.
Que o que você chamou de amor - ou não - nos limite mais do que já estamos, preciso de espaço, para que você não possa me afetar. Nunca mais.
Não existe mais 'nós'. E será que algum dia existiu?
Acho que não para você.
E agora, não importa o que você faça.
Eu nunca quis ser quem ia dar mais sem receber nada.
O que você considera muito, eu considero nada, e de nada, eu não preciso.
O que me segurou foi o que eu sentia por quem você foi um dia, da qual eu já não me lembro, e não faço questão de lembrar.
Antes que você termine, estou começando uma nova época, e você é constituída de passado e fraqueza.
Faça o que quiser com minhas cartas, joque-as no abismo que há entre nós, e acostume-se com meu cheiro no seu quarto.
Pois ele não vai mais sair de lá.

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

[1 Perdida]

A manhã estava fria, como se fosse proposital, e eu observava minhas mudas de pinheiro. A garoa fina e gelada teimava em cair, umedecendo meus cabelos e minha roupa, como que alento por ter acordado de um pesadelo que me fizera cair em pranto.
Fui à cozinha, e enquanto o pó de café se diluía na água fervente, minha mente se inebriava em pensamentos de euforia contida de forma irremediável.
Há dias era uma culpa noturna que me afligia e me tirava o sono, hoje é insegurança.
Às vezes arrependimento pode não ser o suficiente, ainda que esteja apenas em você, e ninguém se machuque. Tem gente que sente, que sabe, e que arde. Que arde como eu.
Toca o telefone.
A fragilidade do meu coração me fez perder o ar, me fez enfraquecer.
Atendi o telefone com mãos trêmulas. Demorei muito.
Quanto atraso! Por um descompasso cardíaco.
Mais uma chamada perdida.

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Não vou começar a contar o ocorrido com o clichê "Numa noite qualquer...", detesto clichê, e nenhuma noite é qualquer, todas são diferentes e surpreendentes, mesmo que às vezes seja imperceptível.
Naquela noite, a lua podia ser vista. E as estrelas escondidas atrás da poluição faziam um belo céu, afinal o que há de melhor está oculto pra mim, e isso faz de tudo que é ainda um mistério, especial.
Me deitei sobre a grama, e contemplava o céu, formulando ironias sem fundamento.
Ela deitou-se ao meu lado, e segurou minha mão, de modo que eu pudesse sentir sua pulsação.
Quando você se dá conta, você já não está mais no mesmo lugar, e nem na mesma situação. Percebi que, de repente, eu sentia seu corpo pesando em mim, e que eu ouvia palavras que eu não teria escutado em algum tempo, sussurradas mais perto do que nunca.
Perfeito. Eu realmente não tinha vontade de nada, além de permanecer sentindo aquela presença frágil, e ouvindo aquelas palavras que ficavam atrás de mim, vindo contra meus pensamentos, e me fazendo perder a sanidade, sem necessitar de absolutamente mais nada.
Pra mim, isso é amar.
- O que você mais teme agora? Ela perguntou.
E então eu disse após sentir o cheiro de seus cabelos:
- Acordar.