segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

would you forgive me, love?

Eu não teria coragem de fazer isso.
Eu poderia, na verdade. Mas não quero viver sem você para me arrancar fortes manifestações de sentimento.
Seja um riso tolo, sejam lágrimas de um adeus que ficou perdido no ar, seja um sonho bom, ou qualquer coisa que me faça transbordar.
Fui ver as horas, como quem queria ver o que viu, mas sem mais de meia gota de esperança.
Você se redimiu.
Não sabia se sorria, ou soltava um berro para acordar a vizinhança.
Por dentro eu sangrava em gritos, e me afogava em contentamento.
Mas chorei. Chorei inconsolavelmtente, e repetia seu nome, como quem quer respostas para tamanha intensidade. E te amava como antes, e como sempre amei.
Posso me contradizer, mas não posso negar que voltei a acreditar em nós.
Você nunca vai me deixar fechar os olhos te odiando, não é mesmo?
Horas podem mudar seus pensamentos.
Transformar raiva em um medo justo e plausível.
Não posso mudar minha forma de amar assim.
Mas eu prometo que guardarei numa redoma toda essa minha fragilidade que deixa à beira da morte o nosso amor. Boa noite.

domingo, 25 de janeiro de 2009

the end has no end.

Eu não podia engolir nada, quanto mais dizer algo.
Subi as escadas com a alma dilacerada novamente, mas sei que ela se renovará sempre.
- Eu diria que acabou, independente da conclusão que você chegue, independente do que diga. Não diga absolutamente nada, quero esquecer o tom da sua voz, e do tipo de palavra que você costuma usar, sei que posso.
Que o teu silêncio se misture com a chuva, para que eu não possa ouví-lo.
Que você se expulse de mim para sempre.
Que seu amor não seja suficiente para me segurar por nem mais um segundo.
- Fique onde está, e siga por outro caminho, que o desse lado, foi construído por um passado bonito que ficou para trás, e não voltaria, nem que quiséssemos.
De verdade, eu não pensei que fôssemos conseguir 'nos tornar realidade' antes que você desistisse, como faz sempre que se trata de paciência.
- Você é fraca. Fraca demais para mim.
Que o que você chamou de amor - ou não - nos limite mais do que já estamos, preciso de espaço, para que você não possa me afetar. Nunca mais.
Não existe mais 'nós'. E será que algum dia existiu?
Acho que não para você.
E agora, não importa o que você faça.
Eu nunca quis ser quem ia dar mais sem receber nada.
O que você considera muito, eu considero nada, e de nada, eu não preciso.
O que me segurou foi o que eu sentia por quem você foi um dia, da qual eu já não me lembro, e não faço questão de lembrar.
Antes que você termine, estou começando uma nova época, e você é constituída de passado e fraqueza.
Faça o que quiser com minhas cartas, joque-as no abismo que há entre nós, e acostume-se com meu cheiro no seu quarto.
Pois ele não vai mais sair de lá.

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

[1 Perdida]

A manhã estava fria, como se fosse proposital, e eu observava minhas mudas de pinheiro. A garoa fina e gelada teimava em cair, umedecendo meus cabelos e minha roupa, como que alento por ter acordado de um pesadelo que me fizera cair em pranto.
Fui à cozinha, e enquanto o pó de café se diluía na água fervente, minha mente se inebriava em pensamentos de euforia contida de forma irremediável.
Há dias era uma culpa noturna que me afligia e me tirava o sono, hoje é insegurança.
Às vezes arrependimento pode não ser o suficiente, ainda que esteja apenas em você, e ninguém se machuque. Tem gente que sente, que sabe, e que arde. Que arde como eu.
Toca o telefone.
A fragilidade do meu coração me fez perder o ar, me fez enfraquecer.
Atendi o telefone com mãos trêmulas. Demorei muito.
Quanto atraso! Por um descompasso cardíaco.
Mais uma chamada perdida.

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Não vou começar a contar o ocorrido com o clichê "Numa noite qualquer...", detesto clichê, e nenhuma noite é qualquer, todas são diferentes e surpreendentes, mesmo que às vezes seja imperceptível.
Naquela noite, a lua podia ser vista. E as estrelas escondidas atrás da poluição faziam um belo céu, afinal o que há de melhor está oculto pra mim, e isso faz de tudo que é ainda um mistério, especial.
Me deitei sobre a grama, e contemplava o céu, formulando ironias sem fundamento.
Ela deitou-se ao meu lado, e segurou minha mão, de modo que eu pudesse sentir sua pulsação.
Quando você se dá conta, você já não está mais no mesmo lugar, e nem na mesma situação. Percebi que, de repente, eu sentia seu corpo pesando em mim, e que eu ouvia palavras que eu não teria escutado em algum tempo, sussurradas mais perto do que nunca.
Perfeito. Eu realmente não tinha vontade de nada, além de permanecer sentindo aquela presença frágil, e ouvindo aquelas palavras que ficavam atrás de mim, vindo contra meus pensamentos, e me fazendo perder a sanidade, sem necessitar de absolutamente mais nada.
Pra mim, isso é amar.
- O que você mais teme agora? Ela perguntou.
E então eu disse após sentir o cheiro de seus cabelos:
- Acordar.