sábado, 27 de dezembro de 2008

It wasn't a dream.

Fim de tarde.
Estava caminhando pela beira do mar, perdida em meus devaneios constantes, observando o horizonte distante que me chamava a atenção. Pensando bem, não era o horizonte que me chamava a atenção, e sim a forma que as coisas se tornavam mais intensas só de olhar.
O pôr-do-sol me fazia lembrar de sonhos que eu não queria acordar, e de coisas que me prendem em algum lugar que eu não sei.
E o mar se balançava calmamente ritmado com meu passo. E isso tudo me prendia, me impedindo de enxergar a realidade tão bonita que havia logo mais.
Uma onda forte quebrou próxima a mim, fazendo com que eu me despedisse sem demora de meus pensamentos.
Continuei caminhando, porém apressada, algo me puxava, eu não tinha motivos para andar rápido sem analisar detalhe algum.
Ouvi uma voz.
- Diz que é você.
Senti minhas pupilas se dilatarem e meu corpo estremeceu. Não quis olhar para trás, apenas parei de caminhar, e assim permaneci.
Ouvi meu coração bater disparado, e senti alguém respirando próximo ao meu pescoço.
Virei para trás, e vi um raio de sol refletir nos cabelos castanhos; e nos olhos profundos e escuros, vi um brilho misterioso.
Atirou-se contra mim, entrelaçando seus braços em meu tronco, como se não fosse soltar.
E talvez eu esteja certa, ainda sinto como se estivesse sendo abraçada.
Ainda sinto meu coração disparado, e minhas pupilas dilatadas. E sei que em breve vou sentir tudo isso muito mais intenso.
- Só queria dizer que te amo muito.

sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Era tarde da noite, e eu a vi caminhando mais adiante.
Trovejava, e seus cabelos sob o domínio do vento forte, se faziam leves, e esvoaçavam, contrastando-se com a luz dos holofotes de rua.
Correndo, consegui alcançá-la, que passo apressado.
Ela olhou para trás, não muito surpresa ao me encontrar por ali, e deu um meio sorriso de meio segundo.

- O que faz na rua a essa hora? Perguntei.
- Estou caminhando, e refletindo. Sabe, essa é a melhor hora para fazer isso. As ruas estão vazias, o silêncio reina e a lua fica tão bonita!
- A lua...sei. E soltei uma grande risada.
- Do que está rindo?
- Acho divertido a forma como você lida com seus relacionamentos. Quero dizer, você não tem paixões muito duradouras, são intensas, mas você sabe se recuperar bem rápido.
- Sei me recuperar rápido porque tenho braços pelo mundo a minha espera. Se alguma coisa sai errada, é absolutamente devastador. Mas são, no máximo, três noites não dormidas, de choro e melancolia, ou até mesmo uma pequena extensão da tristeza. E eu, logo elimino as sobras de sentimentos com outro amor.
- Nada mais prático.
- Mas às vezes me sinto mal.
- Por quê?
- Sou mal-compreendida por muitos. Dizem que eu uso todo mundo pra esquecer minhas paixões que não deram certo. Mas minhas paixões passam, e vêem outras, intensas também. Você sabe, eu apenas não sei ficar sozinha, e me envolvo sempre.

Era sempre curioso conversar com ela, por trás de tudo que ela dizia, sempre havia algo a se pensar. Às vezes ficava difícil entender, mas eu tentava, e sempre que podia, acompanhava seus caminhos, e ouvia seus pensamentos.
Gosto de acreditar que eu entendia o que ela pensava, e a forma como agia, isso é uma grande tarefa.

quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Pelo olhar que não mostrava muita vontade de continuar seguindo em frente, enxergava-se, através do espelho, aqueles olhos profundos, marejados, em cacos; e a boca, rubra e inchada de choro, e o rosto marcado por lágrimas que secaram com uma suave brisa de verão.
- O que há?
- Você sabe que eu não vou dizer "nada". Estou decepcionada, mas não quero falar sobre.
- Sei disso. Perguntei porque você é bipolar.
Seus castelos de areia desmoronavam diante de seus olhos infantis, e era uma noite antes da véspera de natal.
Madrugada regada por lágrimas. Bom para descontrair.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Cocaína alternativa.

Sim, de fato, eu estava lá com um propósito.
Meu objetivo era simples, mas poderia se tornar impossível, dependendo das circunstâncias.
No começo foi tudo meio singelo, até demais. Pensei que tudo estava arruinado, até entrar naquela sala, que estava bem escura.
Passaram-se quinze minutos, e eu já estava ouvindo meu coração pulsar.
Eu, definitivamente, não teria coragem de tomar iniciativa alguma.
Para minha sorte, a mão dela, devagar, se aproximou da minha, aí então minha insegurança foi dar uma volta, ou talvez mais de uma.