segunda-feira, 10 de agosto de 2009

e o diagnóstico é:

Onde estão as paixões loucas, senão nos instáveis?
Me casei há sete meses, e quatro vezes por semana minha mulher e eu temos uma briga, pelo menos tem sido assim nos últimos três meses.
Se uma semana tem sete dias, e quatro dias estão reservados para nossas brigas vistas como doentias, fazemos sexo todos os dias.
Se estamos bem, ela chega do trabalho e nossa comida está posta à mesa, com uma flor arrancada do jardim vizinho, só pra decorar e mimar. Conversamos, nos olhamos ternamente, e no fim acabamos não saindo da página 7 do livro que está mofando na mesinha do quarto, devido às ocupações noturnas, levemente ruidosas. Inoefnsivas.
Se algum motivo tolo incomoda alguma de nós, discutimos, dificilmente nos entendemos, então os enfeites estão sempre se renovando, e assim a casa flui.
A casa flui porque ela joga os enfeites contra a parede enquanto berra pra vizinhança toda ouvir, e em seguida nós trocamos um pausado 'eu te odeio'.
Ela entra no banheiro, chora, pega uma navalha e fica ensaiando pra fazer um corte que me assuste, mas antes que o desnecessário atue, eu pego ela no colo, e levo-a até a cama.
Ela me olha sentida, e me arranha.
Eu então, digo:
- Sou louca por você, e nunca mais vou dizer que te odeio, porque não quero mais mentir.
Ela fecha os olhos e sussurra:
- Só te perdôo se você me perdoar ao mesmo tempo.
E no fim, nos perdoamos aos gritos e gemidos, não permitindo insegurança por algumas horas.
Não é prático, e talvez não seja comum. Mas nunca gostei de monotonia.

2 comentários:

  1. Acho que é uma das primeras pequenas história-relatos que eu leio inteira. Você sabe fluir. Você é um rio (:

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