segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Virginiana de novo, não!

No Domingo, ser convidada para um almoço profissional, num condomínio invejável no interior da cidade.
Os homens cozinhando e fazendo comentários desnecessários, enquanto suas esposas, à mesa, iniciando com uma salada, falam mal dos mesmos, com ar dramático, apenas para ter um assunto em comum.
As crianças passeando pelo condomínio com pose de exploradores, e usando palavras que vêem na televisão, como: “Olhe só, o arco-íris naquela água esguichante, está quase completo.”
Quando ouvi a menina de sete anos dizendo que queria ser paleontóloga, e que se peocupava com o futuro dos filhos que iria ter, devido à dificuldade para encontrar uma babá ideal para cuidar dos pequenos em suas longas viagens, peguei meu livro e procurei uma grama para deitar.
Observar o comportamento humano pode ser um pouco perturbador, já basta ter que conviver com o meu.
Eu só havia me esquecido de que não tem grama sem inseto, e eu não suporto ver formiguinha subindo em mim. Não posso ver mosquitinho pousando, que já me dá vontade de tirar a roupa pra ver se tem bicho.
Era preferível ficar de pé, fotografando as árvores de cor diferente, as casas de vidro, os jardins, as orquídeas brancas enfeitando o fundo.
Batidas de fruta com saquê, e de sobremesa, merengue.
Chegando em casa, inventar sonhos por diversão, cantar enquanto escreve.
Bastaram algumas palavras para fazer, de piadinhas dignas de desprezo, gargalhadas involuntárias.
Ouvir Beatles por um motivo bobinho, ficar sem sono por vontade de continuar relendo uma frase, procurar trechos para retribuir o disparo, não admitir para si mesma que está sonhando alto, dizer a todos que é só uma suposição, e só para completar o Domingo lindo que fez, se apaixonar por livre e espontânea vontade.

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