quinta-feira, 28 de julho de 2011

Sonho de creme.

[...]Fez-se escarlate, olhou um olhar desconcertado, deu um meio sorriso de meio segundo, trêmulo, piscou os olhos com urgência, virou-me as costas e foi, viciada nas juntas de cimento entre as pedras escuras do chão. E como num sonho, eu pude sentir nitidamente o seu abraço se revelando numa solução alcalina à base de metol, suspensa na atmosfera de um outro mundo, transferido para a caixa onde guardo meus desejos mais latentes.
Pelos seus olhos emoldurados pelas sobrancelhas tristes, eu senti seu abraço materializado em minha frente, exteriorizado pelo seu impulso ínfimo de sorrir um sorriso que esboçava apenas alguns milésimos do tempo de duração do projeto de sorriso provocado no seu interior.
Enfim, sonhos são perigosos.

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