sábado, 18 de dezembro de 2010

Casa III

Sonho sonhos. Sonho.
Desperto pelo som seco do violão desidratado.
Levanto em silêncio, meu humor é ácido de manhã, levantar cedinho é tão nostálgico. Dá uma saudade de dormir. . .
Lamento por não poder tomar café, me falta tempo. Prefiro dormir quinze minutos a mais.
O gato mia, me dá bom dia.
Olho minha irmã dormindo, num sono profundo, suas feições tão leves.
Aperto meus lábios, um contra o outro espalhando o batom vermelho, e, terminando de acordar, encaro a cidade.
Bicicletas. Sol nascendo. Passarinhos. Passos meus, passos nossos.
Passa o dia, os dias passam.
Penso em mudar. Vou mudar.
Chega a noitinha. Eu, bem disposta, bem vestida.
A mesa de bilhar é minha, o copo de cerveja marcado com batom.
Pedem beijos à mesa, nos trilhos, nos bares.
Queria mesmo ir aos mares.
Meu bem me telefona, minha irmã canta no chuveiro.
Meu amor me chama, engole meu coração inteiro.
Esse violão que não chega do conserto. Essa máquina que abre sozinha e queima os filmes. Essa bicicleta sem freio no meio da sala.
Essas malas por fazer, essas caixas por fechar.
Minha vida, sempre por mudar.

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