segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

20/07/10

Não há conversa que me esclareça, nem silêncio que te esqueça.
Não há perdões para as desculpas decoradas, ou para as novas inventadas.
Não sei, mas eu acho que me perdi nas palavras das músicas de notas tristes.
Me anulo para tentar lembrar de algum diálogo que possa ter sido menos cínico de ambas as partes.
Você se aproveita das minhas fraquezas para se sentir superior, expondo-as anonimamente, só pra você.
Julga-me baixinho antes de dormir, para o sal não banhar seu rosto?
Para não pensar que eu posso estar certa em relação às minhas últimas atitudes, e silêncios.
Para não pensar nas minhas razões, justas, ou não, como preferir.
Não sabe o esforço que eu faço para sair de casa sem sentir sua mão se esquivando da minha.
Mudo de cidade, para não ver nossas pegadas secas nas calçadas do meu cotidiano, para não ter viva uma lembrança do seu último beijo friamente desperdiçado.
Posso ter te deixado um dia, dois, ou mais. Mas também me deixaste, por orgulho, por medo, não sei, não estou em você para saber agora. Se é que algum dia estive.
Digo que há um abismo enorme entre nós, mais do que nunca, me aliviando às vezes que me pego te querendo ainda.
Mas fico apavorada quando lembro que de ouvir sua voz sentia seu cheiro, sem nunca ter sentido, e de sentir seus suspiros em sonhos, provava o gosto da tua boca sem nunca ter beijado. Me apavora lembrar que meus sentidos confirmaram todos os vestígios teus. Me faz crer que preciso parar de pensar que não somos por acaso.
Me faz crer que não quero mais lembrar dos seus olhos de criança atravessando minha alma.
E de pensar que apesar de tudo o que você é, e foi para mim, ainda te vejo sentada num degrau da escada do futuro com as pernas agitadas, fecho com urgência meus olhos negando qualquer fio de esperança.
Quero pegar um trem para a noite em que você me ligou pela primeira vez, quando fomos pela primeira vez às estrelas, e a partir daí, mudar algumas falas.

Quero pegar meu lugar no futuro, sentar no meu sofá, e te telefonar.

2 comentários:

  1. Seu modo de escrever parece aquilo que penso,sem restrição,colocar sentimentos,sensações em palavras,de forma que enteder se torna simples.
    Pega leve !

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